Vou começar a trabalhar com duas pessoas estranhas e claro que as novidades assustam. Estou parecendo um medroso de carteirinha, mas é que nesses últimos dois anos minha vida mudou muito. Dos 18 para os 20 anos tudo foi se transformando, do afetivo ao profissional. Agora chegou a hora dos meus amigos, e não colegas de trabalho, seguirem cada um seu caminho. Eles entraram no IBGE um mês antes de mim. Agora estão saindo, o que significa que só falta um mês pra o fim do meu contrato.
Até brincávamos que seriamos mais três desempregados nas estatísticas que nós próprios ajudamos a fazer. O fato não é o desemprego em si e sim a falta que cada um vai fazer reciprocamente. Será estranho pra eles, pois a rotina não será mais de aventuras em casas de desconhecidos, em lugares onde a vida é bem diferente, onde a TV não chega, em todos os sentidos. Onde a realidade é mascarada. Nunca mais serão vítimas da desconfiança de um informante que desafia seus deveres e escolhe se esconder atrás das fraudes. Será estranho pra mim também que continuarei, agora sem eles. Sem as brigas, sem as conversas sérias, sem a intromissão nas conversas, sem as risadas demoradas e altas, sem as freqüentes confissões de sonhos a realizar.
Jussara está à espera da convocação para trabalhar no BB já que foi aprovada no concurso. Miguel e eu estamos correndo contra o tempo. Estudando e estudando para conseguir um trabalho fixo.
Ainda tem a saudade que fica dos amigos feitos longe daqui, não só os informantes bem intencionados e convidativos, mas principalmente os amigos feitos dentro da instituição ou através dela.
Vou me arriscar a citar alguns: Wagner, Valéria, Oscar, Dárcio, Karlinha, Salomé, Abner, Rômulo, George, Karine, Kenate, Luciano, Fabiano, Simone, Auri, Rosângela, Ellen, Josemaria, Kerlane, o esquecido Daniel e se esqueci de algum me perdoe. Não posso deixar de elogiar o trabalho do nosso chefe. Dr. João Rosendo merece muitos abraços pelo tratamento, pela dedicação com seus colegas de trabalho e por sua competência indiscutível.
Muitos citados e também os não citados já não estão mais no IBGE, encaminhados em seus destinos. A dúvida que fica é se um dia iremos encontrar essas pessoas outra vez. Mas a maior certeza que eu tenho é que seremos todos felizes.